Quarta-Feira, 09 de Junho de 2021 @ 07:30
São Paulo - Westwood One destaca como o rádio pode mudar o peso de uma campanha publicitária feita em serviços como o Spotify
O rádio AM / FM é um amplificador importante de qualquer campanha publicitária, devido ao seu grande alcance entre a população. E um relatório feito pela Westwood One destacou como o meio pode ser fundamental em anúncios veiculados em plataformas de streaming de audio, como o Spotify, Pandora (EUA), entre outros. Com base no Share of Ear da Edison Research, mostra a audiência combinada de rádio AM / FM e Pandora em um dia normal, com 85 % ouvindo AM / FM e nunca Pandora, enquanto para a audiência combinada de AM / FM e Spotify, esse número é de 83%.
"Alguns anunciantes compram no Spotify e no Pandora e declaram: 'A caixa de áudio está marcada’. Não tão rápido", diz Brittany Faison, gerente do Westwood One Insights. Ou seja, ela quer dizer que ao procurar uma alternativa de anúncio em áudio, ao anunciar nos serviços de streaming como o Spotify, o planejamento de marketing desconsidera as demais opções, como o rádio. E isso é um erro grave para uma campanha publicitária. “Mais pessoas ouvem rádio AM / FM e não Pandora, Spotify ou SiriusXM", destaca a executiva.
A análise foi feita pela Westwood One e publicada no blog "Everyone's Listening". Ela combinou a audiência de plataformas como o rádio AM/FM, Spotify, Pandora (serviço de streaming concorrente que está disponível apenas nos EUA) e o SiriusXM (canais de áudio via-satélite, também disponível apenas na América do Norte). Enquanto boa parte das pessoas ouvem só rádio AM/FM, o veículo também tem boa penetração entre os usuários desses serviços: mais da metade da audiência de Pandora ou Spotify também ouve rádio AM-FM.
Esse panorama significa que uma compra de anúncio em estações de rádio AM e FM atinge metade da audiência que utiliza qualquer plataforma de áudio que possua anúncios. Se combinar a campanha entre o rádio e qualquer outra plataforma de áudio, a tendência é de que o veículo seja o motor impulsionador principal, devido ao seu alcance, reforçando também a necessidade de planejamentos omnichannel.
A maioria das pessoas ouvem rádio AM/FM
No universo combinado entre Spotify e Rádio AM/FM, 83% declaram ouvir apenas emissoras de rádio AM/FM, enquanto 9% ouvem ambos e 8% apenas o serviço de streaming, segundo a pesquisa realizada pela Edison Research, números similares à combinação Pandora. O levantamento não considera os serviços de assinatura, quando não há entrega de anúncios, pois o foco do relatório é a estratégia publicitária nos canais de áudio. Veja os dados no gráfico abaixo:
Brittany também utiliza números da Nielsen para reforçar a sua análise e destaca o peso do alcance do rádio nas estratégias publicitárias. "Como o público do Pandora e do Spotify é tão pequeno, é muito difícil aumentar o alcance em suas plataformas (…) Mesmo com o aumento do investimento, alcance linhas planas de crescimento no Pandora e no Spotify. Enquanto isso, conforme o investimento em rádio AM / FM aumenta, o alcance cresce e cresce", diz a analista.
Os números da Nielsen Media Impact usados na análise mostram que ao aumentar a compra de anúncios com foco no público adulto de 18 a 49 anos no Pandora e no Spotify o resultado gera pouco crescimento no alcance, enquanto os mesmos níveis de investimento em AM / FM geram o triplo do alcance.
O gráfico abaixo mostra a diferença desse alcance entre as compras só nos principais serviços de streaming de áudio on-demand e no rádio AM/FM, com base no investimento realizado:
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Diferença nos locais de escuta reforçam a necessidade de combinação das campanhas
Segundo a reportagem do portal norte-americano Inside Radio sobre o tema, um dos pontos fortes da análise é a descoberta do Share of Ear sobre os locais predominantes de escuta para cada plataforma de áudio. A pesquisa mostra que 71% do tempo gasto pela audiência em serviços como Pandora e Spotify ocorre nas residências. Já o rádio AM/FM tem seu ponto forte no deslocamento, seja no local de trabalho, carro e até no caminho da compra, o que é um valor fundamental para as estratégias publicitárias. Neste caso, considerado o mercado dos EUA, o “fora de casa” representa 61% das escutas de rádio.
E o alcance do rádio pode ser impulsionado em dispositivos puramente digitais. Neste caso se considera apenas o streaming de áudio ao vivo das estações AM/FM executados em smart speakers (como Amazon Alexa, Google Home, Apple Home Pod, entre outros). A Edison mostra que 39% do tempo gasto com áudio nesses aparelhos é com as emissoras de rádio AM/FM, contra 27% do Pandora, 9% de canais da SiriusXM e 8% para o Spotify. Os podcasts representam 17% nesses dispositivos.
Já no share entre todas as plataformas de áudio que suportam anúncios, o rádio fica com 70%, contra Pandora, SiriusXM e 8%, 4% e 3% do Spotify, respectivamente, considerando o público entre 25 a 54 anos. Já nos carros, o share do rádio amplia ainda mais, com 90% para o meio, contra 6% do SiriusXM, 2% do Pandora e 1% Spotify (1%).
Os dados são relacionados ao mercado dos Estados Unidos, com comparativos que consideram levantamentos até o primeiro quadrimestre de 2021.
As principais conclusões do relatório da Westwood One são:
> Adicionar rádio AM / FM ao Pandora ou Spotify gera um grande aumento no alcance de campanhas publicitárias.
> A maior parte da escuta do Spotify / Pandora ocorre em casa, enquanto a maior parte da escuta de rádio AM / FM ocorre fora de casa
> O rádio AM / FM é a plataforma de áudio suportada por anúncios mais ouvida em smart speakers, uma tendência consistente nos últimos anos.
> A trajetória de audiência do podcasting continua a subir, enquanto o rádio AM / FM continua sendo o líder indiscutível em áudio com suporte de publicidade
> À medida que os Estados Unidos voltam à estrada, a parcela de áudio suportado por anúncios do rádio AM / FM no carro permanece em 87%
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Com informações da Westwood One, Edison Research, Nielsen Media e portal Inside Radio
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.