Quinta-Feira, 15 de Maio de 2025 @ 11:24
São Paulo - Preocupações sobre transparência, autenticidade e empregos ganham destaque com avanço da inteligência artificial no setor de rádio dos Estados Unidos
Atualizado - A integração da inteligência artificial (IA) no rádio vem gerando um nível crescente de preocupação nos Estados Unidos, país que lidera o ranking global de ansiedade em relação à tecnologia. Com a adoção da IA em ritmo mais cauteloso por emissoras norte-americanas, após uma adoção mais acelerada no começo, surgem debates sobre transparência, autenticidade e o futuro do emprego no setor.
Um caso recente na Austrália intensificou essas discussões. A estação CADA, de Sydney, revelou que a apresentadora “Thy” era, na verdade, uma voz gerada por IA com tecnologia da ElevenLabs, baseada na voz de uma funcionária fora do ar. Durante mais de seis meses, a emissora promoveu a locutora como uma pessoa real, o que gerou críticas sobre responsabilidade ética e consentimento.
Nos Estados Unidos, a Alpha Media foi a única rede de rádio até o momento a usar uma locutora com voz artificial no ar, com o projeto “AI Ashley” na Live 95.5. A iniciativa foi encerrada antes da aquisição da empresa pela Connoisseur Media, que ainda não revelou se pretende retomar ou expandir o uso da tecnologia.
Pesquisas indicam que os ouvintes americanos exigem maior clareza. Segundo levantamento da Gallup com a Bentley University, 57% dos entrevistados querem mais transparência por parte das empresas sobre o uso da IA. Outros 34% destacam a necessidade de informações sobre as fontes de dados e proteção de privacidade. Já 26% demonstram interesse em saber o impacto da IA na geração ou perda de empregos.
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Estudo anterior da Futuri, divulgado em 2024, revelou que 20% dos ouvintes acreditam que suas rádios favoritas já utilizam vozes geradas por IA, independentemente de isso ser verdade. Além disso, 60% dos participantes confundiram vozes sintéticas com vozes humanas.
O receio sobre a substituição de profissionais também está presente entre quem atua no meio. A pesquisa AQ6, da Jacobs Media, identificou que 77% dos comunicadores temem perder seus postos para a IA. Ainda assim, quase 30% dos profissionais de rádio — principalmente os mais jovens — afirmam usar ferramentas de IA semanalmente, e um em cada cinco consideraria licenciar sua voz para uso por inteligência artificial, desde que remunerado.
À medida que a tecnologia se incorpora ao cotidiano do rádio, a preocupação do público tende a moldar a forma como o setor implementa essas inovações. O desafio, apontam analistas, será equilibrar eficiência tecnológica com responsabilidade, transparência e preservação do vínculo humano com a audiência.
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E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Ilustração / tudoradio.com
Com informações do Radio Ink