Segunda-Feira, 11 de Setembro de 2023 @ 07:01
São Paulo - Vantagem do rádio sobe ainda mais quando a pesquisa considera apenas mídias de áudio que contam com anúncios
Diferentes pesquisas já mostraram que o rádio continua líder em consumo entre todas as plataformas de mídia quando o assunto é carro, seja nos Estados Unidos, em países europeus ou no Brasil. No entanto, o mercado norte-americano começa a ter acesso a dados de cenários mais específicos nesses ambientes, descobrindo que o tamanho da liderança do rádio varia conforme a marca do veículo do ouvinte. Isso ajuda o meio a planejar os serviços que devem ser oferecidos nesses ambientes e até se preparar para ações voltadas a carros conectados e autônomos. Os dados são da Edison Research e estão contidos na mais recente pesquisa Share of Ear.
Primeiramente, é preciso considerar que o rádio AM/FM é a preferência predominante entre as principais marcas de automóveis. Contudo, essa participação varia consideravelmente de uma marca para outra. Em veículos Chevrolet, o rádio AM/FM detém uma participação de 67%, enquanto nos Hondas, é de 65%. Em contraste, nas marcas de luxo alemãs BMW e Audi, essa participação cai para 41%, levando em conta o mercado norte-americano.
Outras marcas, como Toyota, Ford, Subaru, Nissan, Kia, Jeep e Hyundai, têm participações variando entre 53% e 61% no rádio AM/FM. Segundo a imprensa norte-americana e analistas que examinaram esses dados, essa variação indica uma clara preferência pelo tipo de áudio baseada na marca do veículo.
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O rádio via satélite SiriusXM emerge como uma forte concorrência para o rádio AM/FM nos EUA, embora ainda esteja atrás em termos de participação. Ao combinar os canais musicais sem anúncios do SiriusXM com os programas com publicidade, o SiriusXM tem uma participação de 12% entre os motoristas da Chevrolet e até 23% entre os motoristas da Jeep. Esse cenário é inexistente no Brasil e na Europa, já que a SiriusXM é uma característica norte-americana.
Detalhes relevantes, que também podem ser considerados no mercado brasileiro, incluem: marcas como as alemãs BMW e Audi contam com sistemas mais conectados, ou seja, muitas funções online já vêm embarcadas nesses veículos para os motoristas. No caso da primeira, há a presença de assistentes de voz, como Alexa, e maior conectividade com plataformas de streaming, como Spotify. Porém, mesmo assim, se considerarmos apenas áudios que suportam algum tipo de anúncio, ou seja, serviços de streaming sem assinaturas, podcasts e rádio, o total de tempo gasto com AM/FM salta para 59%.
O analista Pierre Bouvard, da Cumulus Media/Westwood One, comenta que os proprietários de carros de luxo têm maior probabilidade de investir em assinaturas de rádio via satélite, dada a capacidade financeira de arcar com tais serviços. O mesmo vale para serviços de streaming pagos. Esse padrão sugere que há uma correlação entre a marca do veículo, o poder aquisitivo e a escolha do áudio. No entanto, o rádio AM/FM mantém ampla liderança entre todos os formatos de mídia para esse público, considerando que as duas marcas alemãs costumam se aliar à indústria de rádio para soluções relacionadas ao setor. O tudoradio.com já repercutiu os testes da Audi para o rádio híbrido, que combina sinal via FM/HD com dados conectados.
Esse panorama de colaboração é ressaltado por Bouvard, que enfatiza em sua análise a importância dos dados para os fabricantes de automóveis. Eles podem ajudar as equipes de design e marketing a entender melhor as preferências de seus clientes, destacando o poder do rádio AM/FM como uma plataforma de marketing eficaz para alcançar os motoristas e seus respectivos passageiros. Ou seja, pensando em qualquer tipo de publicidade, o rádio é a melhor maneira de atingir esses ambientes.
Divisão do tempo gasto para consumo de áudio entre todas as plataformas de áudio disponíveis, com base nas marcas dos veículos / Westwood One - Share of Ear / Edison Research
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Qual a razão de olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Com informações da Edison Research e do portal Inside Radio
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.