Terça-Feira, 25 de Junho de 2024 @ 07:04
São Paulo - Dispositivo que ficou conhecido como "um novo rádio residencial" passa por sua primeira atualização significativa desde 2014, quando foi lançado
A Alexa, sistema operacional inteligente de dispositivos da Amazon, terá sua primeira grande reformulação em breve, com a intenção de reposicionar a empresa norte-americana na corrida das big techs pela IA (inteligência artificial). De acordo com a mídia especializada, o sistema contará com IA generativa, mas estará acessível apenas para os usuários que adotarem algum plano de assinatura, ou seja, não deverá ser gratuito. A Alexa, através de suas linhas de caixas de som inteligentes do modelo Echo, é algo sensível para o mercado de rádio, já que esses dispositivos são costumeiramente indicados como "o novo rádio residencial".
De acordo com informações obtidas pela agência Reuters e divulgadas pela mídia especializada, a Amazon foi pega de surpresa pela corrida da IA iniciada em 2022, com o lançamento do ChatGPT pela OpenAI. Desde então, gigantes da tecnologia, como Nvidia, Microsoft e Apple, têm desenvolvido aceleradamente suas próprias soluções com IA generativa. Para não ficar para trás, a Amazon está realizando uma reformulação significativa no Alexa, internamente chamada de “Remarkable Alexa”, através do projeto “Banyan”.
Segundo a imprensa, a nova versão do Alexa permitirá que o assistente realize ações mais complexas e se engaje em conversas contínuas, sem a necessidade de repetidas ativações pelo comando “Alexa”. Além disso, o Remarkable Alexa poderá aprender hábitos dos usuários para automatizar tarefas, como ligar a cafeteira pela manhã, conectar uma emissora de rádio ou sintonizar a TV em um programa específico. A Amazon também pretende ampliar as capacidades de automação residencial do Alexa, que atualmente é o maior uso entre os usuários. O Remarkable Alexa será capaz de aprender preferências dos usuários para gerenciar dispositivos inteligentes de forma mais eficiente.
Porém, pelo que indica o mercado, o potencial máximo da IA não será gratuito para quem já tem algum dispositivo da empresa. A Amazon está considerando uma estrutura de preços em dois níveis: uma versão gratuita e outra paga. A versão paga, com preço entre 5 e 10 dólares mensais, incluirá funcionalidades mais avançadas, como a capacidade de compor e enviar e-mails, fazer pedidos de comida e fornecer conselhos de compras. No entanto, a Amazon não planeja incluir o acesso ao novo Alexa no pacote de assinatura Prime, que no Brasil custa R$19,90 por mês.
A mídia especializada ainda indica que, apesar das novas funcionalidades prometidas, alguns funcionários da Amazon expressaram ceticismo sobre a disposição dos consumidores em pagar por um serviço que atualmente é gratuito. Isso tem sido constantemente discutido na empresa norte-americana, que tenta tornar o produto algo rentável e não dependente apenas da venda de dispositivos. Além disso, a empresa enfrenta desafios técnicos, como a ocorrência de “alucinações” da IA, que podem produzir informações falsas ou enganosas.
Dispositivo está em alta no Brasil
Em maio, o tudoradio.com repercutiu a atual situação da Alexa no Brasil: o uso do sistema, através da linha de smarts speakers da Amazon, cresceu 50% no Brasil em 2023, segundo dados da Forbes. Esse aumento reflete a popularidade crescente do dispositivo, com usuários brasileiros utilizando o sistema de voz mais de 2 bilhões de vezes. Vale destacar que o tudoradio.com está presente no dispositivo desde 2022, com uma skill que permite acesso ao agregador de rádios ao vivo do portal e memoriza a última rádio ouvida pelo usuário, permitindo retomar rapidamente a escuta com um simples comando, que é o "Alexa, abrir tudoradio".
Na época, em conversas com diretores artísticos de diversas emissoras de rádio do país e com executivos de empresas nacionais de streaming, foi compartilhado com o tudoradio.com que a Alexa representa entre 35% a 50% do total da audiência de áudio digital ao vivo de várias rádios. À medida que a linha Echo e concorrentes, como o Google, expandem, aumenta o número de ouvintes via streamings originados de smart speakers.
Durante o NAB Show 2024, realizado em abril passado, uma nova edição da pesquisa Share of Ear, da Edison Research, revelou que dispositivos que incluem a Alexa já correspondem a 3% do total de audiência de rádio nos Estados Unidos — considerando todas as maneiras de ouvir uma emissora, incluindo o dial. Este cenário é ainda mais significativo na Europa, especialmente no Reino Unido, onde as smart speakers já representam 20% do total de tempo dedicado às emissoras de rádio.
Vale lembrar que, alguns sistemas automotivos, principalmente de marcas consideradas premium, contam com o sistema operacional da Amazon embarcado de fábrica. Ou seja, a Alexa pode também ser utilizada para acessar streaming de rádio em determinados modelos de carros.
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Capa da skill do tudoradio.com na Amazon Alexa, função ligada ao agregador de rádios ao vivo do portal
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.