Quarta-Feira, 03 de Junho de 2020 @ 07:30
São Paulo - Análise feita nos Estados Unidos mostra que o streaming é alternativa utilizada pelo público durante o isolamento imposto pelo coronavírus
Uma análise feita pela "Radio Research Consortium", com base nos dados da Nielsen e relacionada ao consumo de rádios públicas nos Estados Unidos, mostra que o streaming de áudio está contribuindo diretamente com picos de audiência dessas estações. O público de rádio, impossibilitado de manter a sua rotina tradicional devido ao isolamento social, tem procurado a internet para consumir o conteúdo de suas rádios, sendo em parte uma transferência dos volumes vistos através do dial. Os dados da Nielsen confirmam outros levantamentos, que já mostravam um avanço da audiência on-line do rádio durante a covid-19.
Segundo o portal Inside Rádio, a Radio Research Consortium (RRC) obteve dados da Nielsen para 10 estações públicas dos Estados Unidos, de diferentes formatos de programação. E o resultado foi que a maioria das emissoras analisadas receberam uma porcentagem maior de sua média de um quarto de hora (AQH) de ouvintes on-line, mudança de hábito imposta pelo fato de as pessoas estarem isoladas em casa.
A reportagem deixa a situação mais clara através de alguns exemplos específicos: WBEZ FM 91.5 de Chicago, emissora pública de formato jornalístico, contou com um aumento de 53% da audiência on-line em abril na comparação com março. E um avanço de 141% em relação ao período pré-pandemia (fevereiro).
Algo também expressivo foi observado na KERA FM 90.1 de Dallas. Em fevereiro, o volume de audiência on-line era de apenas 2% do total da emissora. Depois, em março, essa participação subiu para 3% e, em abril, o on-line representou 11% do total da audiência da estação, que também é de formato jornalístico.
Já entre as rádios de formato musicais, os avanços no on-line também foram notados. A rádio WXPN FM 88.5 da Filadélfia (de formato adulto/alternativo) teve avanços progressivos na audiência vinda pelo streaming, isso mês a mês. Já outras estações, sendo a maioria, o salto foi visto a partir de março e depois o cenário se estabilizou, mas ainda com a audiência on-line sendo superior ao período pré-pandemia (caso da KKXT FM 91.7 de Dallas).
A RRC também destaca que o avanço do consumo de rádio via streaming tem crescido ao longo dos últimos anos, sendo acelerado também pela situação da covid-19 e pelo fato de mais pessoas estarem trabalhando em suas casas.
Análise do volume de audiência on-line vs. streaming
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Divisão da audiência, retenção, crescimento entre os mais jovens e avanço no on-line
Recentemente o tudoradio.com publicou uma análise sobre o comportamento da audiência de rádio durante a pandemia do novo coronavírus nos Estados Unidos. Em painel do NAB Show Express, dados da Nielsen e da Westwood One mostraram o avanço da audiência de rádio em residências, mas também apontou que a parcela de escutas "fora de casa" continua elevada e fazendo a diferença para o meio.
Essa reorganização das plataformas de escuta (entre online e offline) ajudou o meio a reter 96% de seu alcance durante a pandemia, segundo outro levantamento feito pela Nielsen nos Estados Unidos.
Já uma pesquisa realizada pela Havas Media, ocorrida entre 31 de março e 6 de abril deste ano nos Estados Unidos, apontou um crescimento de até 40% no consumo de rádio. E esse avanço foi maior nas faixas etárias mais jovens, com maior crescimento no público entre 25 e 34 anos.
No Brasil, com base em relatórios de plataformas como o próprio tudoradio.com e também relatos de emissoras, a audiência on-line também avançou, principalmente a partir de março (quando o isolamento social foi mais efetivo nos grandes centros), na época próximo à 15% de acréscimo. Depois, a audiência foi se estabilizando entre as plataformas, mas ainda com avanços no streaming.
A mesma situação já foi observada em outros países, com avanço da audiência on-line em diferentes países da Europa, incluindo locais que sofreram de forma mais significativa com a pandemia, como a Espanha e o Reino Unido.
No geral, o FM contou com avanços em alcance em mercados como o de São Paulo neste último trimestre (fevereiro à abril de 2020), como mostra a pesquisa do Kantar Ibope Media.
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.