Terça-Feira, 05 de Janeiro de 2021 @
Tendências e movimentações vistas no rádio e na tecnologia em 2020 podem dar o tom de como será 2021 para o setor
E tem notícias boas para o rádio nas respostas que estão no difícil 2020. O tudoradio.com publicou uma retrospectiva que aborda esses pontos, sem negar as dificuldades enfrentadas pelo rádio na área comercial e também as incertezas no país. Porém o rádio imprimiu um ritmo forte ao aderir o que é novo na área de tecnologia e viu o seu principal ativo, a audiência, responder de forma positiva às iniciativas off e online das emissoras.
É fato que, conforme a vacinação contra a covid-19 se aproxime, a tendência de melhora econômica é uma possibilidade real. E, apesar das dificuldades previstas para o Brasil, existe uma tendência de retomada no consumo, o que impacta diretamente no rádio. Lá fora, a vacinação também é considerada como um fator que irá atingir positivamente a economia, colocando um fim do represamento do consumo.
O consumo das famílias é algo vital para o rádio. O setor depende muito do momento positivo do varejo e as emissoras brasileiras serão fundamentais nessa retomada. Aliás, já auxiliaram demais o comércio e outros setores de serviço durante a fase aguda da crise provocada pela pandemia. E, é obvio, a saúde dos ouvintes também é algo muito desejada pelo setor. São temas totalmente conectados.
Mas o que de fato aconteceu em 2020? Para auxiliar, vou reproduzir aqui o nosso especial de retrospectiva. Além de revisitar pontos importantes para o rádio no ano passado, colocamos alguns links de matérias que podem ser utilizadas como defesas do meio. E também o que pode ser um desenho para 2021.
Boa leitura!
Retrospectiva: Em ano imprevisível e difícil, rádio brasileiro reafirmou sua importância
Meio se mexeu e fez investimentos. Audiência e alcance cresceram. Rádio foi empático com sua audiência durante a pandemia
Virou um clichê afirmar que em janeiro passado, "ninguém poderia imaginar que teríamos uma pandemia mundial em 2020". É verdade, mas a crise sanitária provocada pelo coronavírus acabou reforçando algumas posições que já estavam ficando claras para o mercado de rádio: necessidade de acompanhar o avanço tecnológico e a manutenção da relevância do meio para a audiência. Foi um ano difícil, com muitas derrotas na área comercial, mas o rádio brasileiro foi resiliente: se mexeu, investiu em tecnologia, apostou em saídas para se adaptar à crise e teve empatia com a dificuldade enfrentada por sua audiência.
Ficou bem clara a importância do rádio para a população, algo que foi percebido já no começo da pandemia. Foi em veículos como o rádio que a população buscou informações de credibilidade e procurou um "ombro amigo" diante de uma enxurrada de incertezas para 2020. E o rádio correspondeu, de forma rápida e pró-ativa.
Lá em março, já era comum a distribuição de álcool em gel para a proteção dos ouvintes. Mensagens de orientação sobre o coronavírus era algo bem frequente. E, na sequência, rádios de todos os formatos se uniram: seja na transmissão de mensagens de conforto para a população, como também na formação de conteúdos para prestar serviço à população.
Parece longe, mas é possível lembrar da "União do Rádio contra a covid-19", com a execução sincronizada da música Imagine, de John Lennon, levando uma mensagem de esperança à população. E, redes jornalísticas abriram seus conteúdos para que outras estações prestassem serviço sobre a pandemia.
Iniciativas de apoio aos comerciantes locais, sejam eles médios e pequenos, foram situações comuns em 2020. Plataformas e redes de apoio foram criadas pelas emissoras brasileiras, expondo mais uma vez a proximidade do rádio com a população.
De forma resumida, é possível relembrar alguns pontos relevantes do rádio brasileiro em 2020. Acompanhe:
Multiplataforma em todas as possibilidades
O rádio sempre foi multiplataforma, nos mais diversos sentidos. E o avanço tecnológico deixou ainda mais clara essa capacidade do veículo se adaptar. E uma tendência que já era vista para 2020 foi ampliada com a pandemia. Emissoras de diferentes formatos de programação entenderam isso e ampliaram a distribuição de conteúdo em diferentes frentes.
O Grupo Jovem Pan, que já vinha se destacando nessa área de entrega de conteúdo digital, lançou o PanFlix, resultado de uma série de investimentos em estrutura, equipe e criação de produtos. Fecha 2020 como um dos destaques do prêmio iBest (venceu em uma das categorias que concorria), Google News Initiative, coleciona números expressivos no digital, na audiência de rádio e expandiu suas redes (FM e News).
O ano também contou com o reposicionamento de uma tradicional rádio de São Paulo: a Rádio Bandeirantes. A emissora alterou seu tradicional logotipo, mudou parte de sua programação, investiu em equipe, passou a transmitir em formato multiplataforma e fecha o ano com um recorde de alcance para a sua trajetória no FM paulistano. O investimento multiplataforma também foi seguido pela Rede BandNews FM, que até reformulou seu estúdio principal.
A CBN não ficou atrás. Acelerou em podcasts (tem algumas das produções mais ouvidas da América Latina nesse formato de entrega de conteúdo), promoveu mudanças em sua grade de programação (com destaque para o período da tarde) e fechou 2020 com uma forte expansão de sua rede nacional.
Nos quatro casos citados, a atuação multiplataforma não fica clara apenas na entrega diferente de conteúdo, mas também nos nomes que compõem essas equipes. Exemplo: nomes conhecidos da televisão e de outras mídias retornaram ou estrearam nessas e em outras emissoras. Ou seja, os profissionais de entretenimento e jornalismo também são multiplataforma.
E ainda sobre os exemplos de atuação multiplataforma de 2020, tem a chegada da CNN Brasil ao rádio. Uma parceria entre a marca jornalística e a Rede Transamérica possibilitou a criação do projeto CNN Rádio, ainda recente. Ele amplia o número de nomes conhecidos de diferentes mídias que passam a fazer parte do dia a dia do rádio, contribuindo assim para a relevância do meio.
Streaming avança
Palavrinhas como smart-speakers, podcasts, streaming de áudio… nada disso é novidade para quem acompanha o meio rádio. Mas tudo isso teve sua importância elevada de forma significativa em 2020. O streaming de áudio das emissoras tem crescido de forma expressiva, com destaque para a 'explosão' de acessos verificada no primeiro turno das eleições municipais. O volume de acessos já estava em alta desde o início da pandemia.
O avanço do streaming não significa a queda do FM. Pelo contrário: está bem claro para o meio que o rádio caminha para uma atuação híbrida, seja na entrega de conteúdo, como também na aferição de seus resultados. O mundo caminha para isso: há um esforço grande de montadoras automotivas na criação de receptores de rádio híbrido (que combina o melhor dos três mundos: FM/AM/dados de internet). E empresas que buscam aferir esses dados, como a Kantar Ibope Media, anunciam desenvolvimentos de soluções híbridas.
Afinal, relevância o rádio tem. Mas precisa mostrar seu poder para quem distribui as verbas de mídia. E soluções híbridas podem ser uma saída.
Contextualizando…:
> Artigo "O rádio caminha para se consolidar como um meio híbrido"
> Smart speakers já são uma realidade no consumo de streaming de rádio no Brasil
Novamente sobre a audiência e a relevância do meio, foi uma coleção de notícias que deixaram bem clara a resiliência do rádio. O tudoradio.com publicou muitas delas, organizadas numa área chamada 'O Rádio Hoje'. Mas esse especial lista algumas na sequência:
+ Análise: Eleições reafirmam a força do rádio e seu papel local. Meio cresce nos canais digitais
+ Inside Radio 2020 ressalta crescimento de horas no consumo de Rádio pela internet
+ Cresce a confiança de ouvintes no rádio e diminui nas mídias sociais, aponta Engagement Labs
+ Com credibilidade e audiência em alta na Europa, rádio é o meio que melhor lida com a crise da covid-19
+ RAB: Ao desconsiderar o rádio, anunciantes perdem "grande oportunidade" com geração baby boomers
+ Estadão destaca importância do Rádio no período da pandemia e crescimento das plataformas digitais
+ Em guerra, gigantes do streaming de vídeo usam o rádio para ampliar suas bases de assinantes
Expansão das redes
Algo que já era visto no horizonte em 2018 e 2019, foi ampliado em 2020. Sendo uma alternativa importante para ter acesso a conteúdos mais competitivos, várias emissoras optaram por aderirem uma marca de rede ou a um projeto que conta com produtos nacionais. É uma forma de unir forças para ampliar a escala do rádio.
Neste contexto, redes como as já citadas CBN, Jovem Pan FM e Jovem Pan News, tiveram forte expansão. Mas não foram as únicas. As populares Massa FM e a recém-criada Clube FM (surgiu em novembro de 2019) cresceram de forma expressiva em 2020. A Massa FM já figura entre as redes com o maior número de afiliadas, enquanto a Clube FM também se aproxima dessa marca e já conta com atuação em mais duas capitais importantes (além de Brasília, está em Goiânia e Belo Horizonte).
Redes já estabelecidas como Rádio Mix FM e Antena 1 também tiveram expansões expressivas em 2020, seguindo um movimento que já era observado em anos anteriores. E, com a nova reorganização feita pela Transamérica em 2020, há uma expectativa de expansão da marca em 2021.
Outra emissora que avançou foi a Rede Up FM, que fecha 2020 com uma forte expansão. A rede, que é um projeto de marca híbrida, teve o nome da sua cabeça alterado neste ano. Anteriormente era conhecida como Play Hits FM
Também chama a atenção a movimentação ocorrida na Rede NovaBrasil FM, que teve o seu comando alterado, indo do Grupo Sol Panamby para o Grupo Thathi. Isso provocou investimentos na rádio, como a ampliação do conteúdo do Nova Manhã, além de levar a marca para novos mercados, como Campinas, Ribeirão Preto e Araçatuba.
Já o Grupo Bandeirantes criou a Play FM 92.1 de São Paulo. Apesar do pouco tempo de atuação, já conta com duas afiliadas no interior paulista.
+ Veja aqui a lista completa de emissoras de cada rede
Vale lembrar que a ampliação das redes nacionais não é um movimento automático de um suposto enfraquecimento de projetos locais. Mesmo com um 2020 difícil, vários novos projetos locais surgiram, com atuação em diferentes formatos e mercados. O tudoradio.com fez um levantamento recente das mudanças ocorridas em capitais. Siga!
Para lembrarmos de alguns, há a conversão da Rádio Globo FM 98.1 do Rio de Janeiro em uma rádio local, além do surgimento de emissoras como Capital FM 98.3 de Curitiba, RIC FM 107.1 de Curitiba, Salvador FM 92.3 de Salvador, SpaceX FM 101.5 de Vitória (em implantação), Rádio CV Mais FM 97.5 de Teresina, Magia FM 107.3 de Florianópolis (em novo formato), entre outras.
Avanço da migração AM-FM e A Voz do Brasil mais flexível
Dois pontos fundamentais para o rádio avançaram em 2020. O primeiro deles é a flexibilização do horário de transmissão da A Voz do Brasil. Além da possibilidade de alternar entre as faixas das 19h00 e 21h00 (término máximo às 22h00), as emissoras podem executar o programa em faixa alternativa em caso de transmissões esportivas ou coberturas jornalísticas. Inclusive pedir a suspensão em dias específicos, desde que a estação avise de forma antecipada.
Outro ponto de destaque foi o avanço da migração AM-FM, com a divulgação da consulta pública do tão aguardado FM estendido (eFM), esta que deve movimentar o setor no início de 2021.
Já a migração AM-FM na faixa convencional, entre 88.1 FM e 107.9 FM, o tudoradio.com conta com mais de 750 emissoras catalogadas.
Muito dessas e de outras conquistas passa pelo fortalecimento do associativismo do setor, através das associações de radiodifusão regionais e nacionais, que ampliaram a representação e a entrega de conteúdo relevante aos radiodifusores em 2020.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.