Terça-Feira, 28 de Julho de 2020 @ 07:30
São Paulo - Segundo a Edison Research, volume de escutas originadas em dispositivos digitais apareceram pela primeira vez à frente dos não-digitais entre os consumidores norte-americanos
A disrupção da covid-19. É a forma como foi chamada a mudança no hábito de consumo de áudio nos Estados Unidos ocasionada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo um levantamento feito pela Edison Research, dentro do estudo Share of Ear, os dispositivos digitais apareceram pela primeira vez na liderança no consumo de áudio entre adolescentes e adultos norte-americanos. Há uma dúvida se esse quadro será mantido ou alterado no período pós-pandemia. Outras mudanças de hábitos, como iniciar mais tarde o consumo de áudio, também foram observadas pela Edison Research.
Segundo a Edison Research, 53% do total das escutas de áudio partiram de dispositivos digitais, ou seja, equipamentos de streaming ao vivo ou on-demand (como smartphones e caixas de som inteligentes), contra 45% de equipamentos não-digitais (como rádios AM/FM, Sirius XM, CD-Players e toca discos). Antes da covid-19, a divisão era de 55% do total das escutas vindas de aparelhos offline contra 45% dos digitais.
Laura Ivey, diretora de pesquisas da Edison Research, afirma que essa mudança "era quase inevitável". Segundo o portal RAIN News, a executiva também diz que "teremos que esperar para ver se os números revertem mais perto do que eram antes das interrupções". O levantamento foi realizado em meados de maio, dentro do Share of Ear.
Apesar de ter retido boa parte do seu alcance, o rádio viu uma mudança de comportamento no consumo de áudio durante a pandemia. No início, essas alterações foram mais significativas, com os deslocamentos diários das pessoas (que estavam mais presentes em suas casas) sendo afetados. O rádio norte-americano depende muito das escutas fora de casa (apesar do consumo nas residências ter aumentado).
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Após maio o consumo de rádio passou a ser normalizado em relação aos hábitos anteriores, tanto nos formatos de estações, como parte do retorno das escutas em receptores AM/FM a medida que as quarentenas foram mais flexibilizadas. Porém a parcela originada no streaming foi significativa para manter os picos de audiência das estações, mostrando que o rádio também se beneficia da ampliação do consumo em dispositivos digitais.
O rádio dos Estados Unidos é de longe a parcela mais significativa das audições vindas dos dispositivos considerados tradicionais (não digitais). O meio conta com o maior alcance entre todas as plataformas de mídia e a liderança no consumo de áudio, sem considerar a audiência das estações na distribuição digital (streaming ou podcasts originados pelas rádios).
Arte com as informações sobre o consumo de áudio entre dispositivos digitais e tradicionais
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Com informações da Edison Research e do portal RAIN News
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.